O que esperamos da vida? É uma pergunta razoável, mas, quando feita, torna-se tormentosa. É difícil ter uma resposta, pois raramente somos questionados sobre isso.
Quando se pergunta o que se espera da vida, no fundo, estamos questionando o que se espera do nosso futuro. Ora, se vivemos em um determinado lugar, é imprescindível pensar no que se espera do futuro deste lugar, desta cidade.
Pois bem!
Como deverá ser a Santa Maria de nossos planos no futuro próximo de até cinco anos? Cinco anos é um simples número, mas cada leitor pode indagar uma época futura mais próxima ou mais longínqua. Partindo das condições objetivas que caracterizam as circunstâncias de nossa cidade, o que podemos imaginar que Santa Maria venha a ser daqui a cinco anos?
Naturalmente, cada um tem seu próprio sonho, mas, objetivamente, examinando os planos da administração pública, o que é que se pode esperar?
Se fizermos perguntas objetivas aos responsáveis pela política local, não obteremos respostas, pois não existe um planejamento sério. As administrações têm se movido na busca de resolver problemas, que não foram antevistos (porque não há planejamento), num andar em círculos que não sai do lugar. Age-se como quem combate incêndio, tentando resolver o fato consumado de forma emergencial ou encontrar uma desculpa para fugir da responsabilidade.
O plano de mobilidade urbana, contratado em dólares na administração passada à uma empresa espanhola que subcontratou outras locais para fazer o serviço, por exemplo, teria desconsiderado as obras da travessia urbana (a duplicação das estradas do entorno da cidade) porque "pensava- -se" que não seriam realizadas. Se isto for verdadeiro, é caso para anedotário. Mas digamos que a informação que obtive não seja correta, fica a pergunta: o que está planejado para melhorar o trânsito de Santa Maria nos próximos dois anos que faltam para o término da atual administração? Quais vias serão melhoradas? Qual o plano para descongestionar o trânsito? O que está pensado para dar mais qualidade ao transporte coletivo? Não vale o emergencial recapeamento asfáltico que está deplorável, isto não é planejamento, é obra de capatazia. Não valem também manifestações de boas intensões sem qualquer respaldo objetivo, muito menos desculpas de que a situação está ruim.
Agora estamos enfrentando uma séria epidemia de toxoplasmose. O que dizem de concreto as autoridades sanitárias? Buscam justificativas para eximir-se de eventual responsabilidade. O Hospital Regional continua uma miragem.
Não podemos nos esconder atrás da desculpa de que o momento é de crise econômica. Quem não planeja vive sempre em crise. Lembremos da fábula da formiga e da cigarra. Uma cidade despreparada é uma cidade em crise permanente. Santa Maria, em face da falta de planejamento, é uma cidade que vem se deteriorando e enfrentando decadência econômica inegável, sem que as lideranças públicas manifestem sequer preocupação.
Quando digo lideranças públicas não me refiro somente àquelas vinculadas ao Executivo e ao Legislativo, pois o interesse pala coisa pública extrapola a administração, inclui as lideranças locais, ao menos, aquelas que se assumem como tal.
Quando não é buscada a excelência, não se atribui valor ao que pode ser modificado, aperfeiçoado e marcha-se para a mediocridade de sobreviver "como todo mundo", não se angustiando com isso, sentindo-se identificado com a maioria (que passa o dia choramingando as dificuldades, sem buscar soluções).
Santa Maria não pode sentir este menoscabo de viver na indigência porque "todo mundo está mal".
Não!
Nossa cidade tem história, que não pode ser renegada, temos capital humano e técnico, nos falta vontade política de buscar a excelência, distinguir-se dentro da minoria de cidades que pensam grande, abandonando o "coitadismo". Pensar grande é exigir mais de si mesma, não se contentar com a mediocridade nem com a falta de talento.
Santa Maria, a cada ano, está perdendo sua importância no contexto dos municípios gaúchos. Hoje, com certeza, municípios como Passo Fundo, Erechim, Novo Hamburgo, Veranópolis, Bento Gonçalves, dentre outros, que há pouco mais de 30 anos olhavam Santa Maria como paradigma, hoje tornaram-se eles os paradigmas.
Enquanto isso, Santa Maria vai perdendo empuxo, tornando-se cada vez mais uma cidade sem perspectiva que espanta talentos, não atrai investimentos e, cada vez mais uma cidade sucateada.
Daqui a cinco anos estaremos melhor? Sinceramente, não creio, mas desejo ardorosamente ser desmentido.